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Tudo é relativo

Enviado por roberta goldfarb em 23/09/2010 às 09:42 PM

“Tenham cuidado no Egito, é perigoso”, “O Egito é muito sujo”, “Não se separem um minuto!!!”. Estes conselhos são verdadeiros sim, mas um tanto exagerados para quem já foi à Índia. Este é o lado bom desta viagem, onde tudo é relativo pois estamos tirando uma amostra de todos os lugares onde passamos e a memória é recente.

Em Sharm El-Sheikh passamos alguns dias para provar o que dizem ser um dos melhores mergulhos do mundo. A cidade é bem diferente do que imaginei. No geral uma cidade de chão de terra, com hotéis faraônicos, um tanto bregas imitando castelos ou coisas do gênero. Ao pisar no centro encontramos uma outra cidade, cheias de atrações, bares, restaurantes e lojas. Lotado de turistas! O mergulho foi o ponto alto, realmente lindo.

No Cairo, o alívio de ter provado a Índia e não achar tão ruim assim, tão sujo assim. É sujo e acredito que tenha seu perigo, mas sabemos que interpretamos o Egito de uma maneira diferente.

O Museu Nacional impressiona pela sua sala especial com múmias de faraós. É possível ver os corpos embalsamados, preservados em caixas de vidros. Outros enrolados em faixas. Sem dúvida, a múmia que mais me encantou foi uma que foi encontrada com alguém em seus braços, que parecia ser seu filho, mas descobriram ser um “pet”. Ela  é a única múmia que está embalsamada, enfaixada, com seu “pet” do lado.

Visitamos as Pirâmides, enormes blocos de pedras sobrepostas formando 9 pirâmides ao todo, destas 3 são enormes e estão preservadas, a maior delas tem 160 m de altura. As pirâmides de Giza, como todas as pirâmides, fazem parte de um importante complexo que compreende um templo, uma rampa, cercado de túmulos (mastabas) dos sacerdotes e pessoas do governo, uma autêntica cidade para os mortos. As pirâmides foram construída como tumbas reais de reis (faraós).

Não fosse pela quantidade de gente vendendo todos os souvenirs imagináveis, oferecendo passeio de camelo,  somado ao calor, a visita teria sido bem mais agradável. O lugar onde estão as pirâmides é quase um deserto. As sinalizações de onde entrar tanto no espaço onde estão como no interior das pirâmides não estão claras. Um pouco pelo cansaço, calor e também claustrofobia (o aviso é: se você tem o mínimo de claustrofobia não entre nas pirâmides!!), vimos as pirâmides apenas por fora. No mesmo local está a esfinge, bem desgastada pelo tempo, tem 60m de cumprimento e 20m de altura, é a maior estátua esculpida em apenas um bloco de pedra e tem um pequeno templo situado entre suas patas. Tem o corpo de um leão e a cabeça de uma pessoa.

Fomos ao famoso mercado Khan El Khalili. Chegamos meio perdidos, um táxi nos deixou no portão principal. Entramos e tomamos a direção errada... o que significa que caímos em uma rua de vendas locais de roupas. Cheio, muito cheio de gente, atravessamos com dificuldade, pisando nos montes de lixos no meio da rua e nos questionando se o mercado era isso mesmo. Neste momento o Egito era a Índia! Chegando do outro lado desta árdua passagem, não encontramos nada melhor e descobrimos que teríamos que enfrentar tudo de novo, para tentar achar o que deveria ser o mercado. Já do outro lado, recuperando o fôlego, o senso de direção apurado do Guto nos levou ao lado certo do mercado. Enfim, depois de tantos mercados (acho que estamos ficando chatos), este não surpreendeu. Como em todos, te chamam, te pegam pelo braço, querem vender a todo custo: “How much is it?” “How much do you pay?”. Todas as lojas vendem as mesmas coisas.

Voltamos ao bazar para ver a Dança Sufi à noite. Inesperadamente o esquema era bom demais para ser de graça. Como em um país pobre como este, o melhor que podem oferecer, a única coisa que funciona direito, é de graça? Em um lugar onde se negocia até o preço da garrafa de água, ou o táxi que não quer ligar o taxímetro, discutindo, brigando e descendo para pegar outro (fizemos isso pelo menos três vezes).

Em um lugar ao ar livre, um teatro que parecia mais o pátio de uma mesquita, com cadeiras e um palco. Com um atraso de meia hora a dança começou. Seis homens vestidos com túnicas brancas sobem ao palco e tocam instrumentos locais, num som lindo, cheio de ritmo e percussão. Seguido de um canto, que parece uma linda reza, no andar de cima, em arcos que caracterizam a arquitetura do local. Depois do primeiro número, entra o principal dançarino. Com saias sobrepostas coloridas se coloca no centro do palco e começa a girar em torno de si mesmo. O número dura em torno de 40 minutos. E ele segue rodando enquanto os outros dançarinos dançam em volta, evocam sons, parece que rezam. Transpiram de emoção e fé. O homem girando no centro canta e por vezes coloca uma das mãos no rosto, ou então com as duas extravasa sua fé . A medida que o tempo passa, sem parar de girar ele vai tirando suas camadas de saia em um jogo de cores e movimentos alucinantes. A Dança Sufi é uma dança religiosa, que o dançarino só consegue permanecer tanto tempo girando pois entra em transe, em contato com os deuses. Os Sufis (uma corrente mística do Islã) procuram uma relação direta com Deus através de cânticos, música e danças.

Saímos do Egito bem impressionados e com vontade de conhecer mais.







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