Os afetos motivam a minha pesquisa. Seguindo uma lógica própria, sem qualquer rigidez imposta, retiro de experiências vividas a matéria para meus trabalhos. Trata-se de um processo de compreensão dos diferentes afetos que, no passar do tempo, constitui uma espécie de taxonomia dos afetos. Se a taxonomia é um método científico de classificação e ordenação, no meu procedimento artístico ele torna-se uma ferramenta poética. Do vivido ao que está por vir e se tornar, coleciono. Coleciono objetos que geram materialidade, gestos que dão sentido, tempos que situam, sofrimentos que dão voz, e superação que traz, então, a concretude. Do rastro que fica dos percursos, catalogo. Uma forma de seguir, mas guardar um tempo, de não deixar apagar um momento e catalogar como objeto físico o que se perderia na memória. E reúno tudo em obras que buscam se concretizar em esferas de sensações e significados.