A cidade prateada
Fomos à Hong Kong por poucos dias e pela primeira vez em 5 meses de viagem tivemos a gostosa sensação de estar em uma casa e, não em um hotel. Ficamos na casa de um querido casal de amigos que conhecemos há dois anos atrás em uma das nossas viagens. Mantivemos contato e tivemos o enorme prazer de passar alguns dias com eles nesta “maluca” cidade que, com certeza, conhecemos de uma maneira diferente com as coordenadas de quem mora lá.
Por um lado Hong Kong era o que eu sempre imaginei, uma cidade cosmopolita, cheia de gente, carros, lojas de marca e prédios muito altos. Só não imaginei que eu deveria potencializar o que imaginei... por três, mais ou menos. Em cada canto que você olha uma informação nova, muitos luminosos escritos em chinês, muitas pessoas andando pelas ruas e a própria novidade de estar em contato com uma cultura tão diferente.
Uma ilha pequena onde vivem 7 milhões de habitantes, em sua maioria chineses, é uma das duas Regiões Administrativas Especiais da República Popular da China, a outra é Macau. Isso significa que Hong Kong possui um sistema de leis próprio, tem autonomia sobre quase todas as áreas, exceto política externa e defesa que são determinados pelo China.
Hong Kong é o centro comercial da Ásia, é por esse motivo que muitos estrangeiros moram lá a trabalho. Já não tem mais por onde crescer, o que justifica seus muitos arranha céus para fazer caber todos e tudo o que a ilha proporciona. É uma ilha montanhosa, o que foi muito curioso para nós, que acabávamos de sair de Cingapura totalmente plana. A cidade sobe e desce.
Parques em cima, de onde se tem a vista da cidade, embaixo prédios, centros comerciais, ruas, “bondinhos”, carros. Para facilitar essa sinuosa locomoção nada melhor que os “escalators”, uma série de escadas rolantes que sai de uma das ruas principais da cidade e sobe até certa altura da montanha, daí por diante shuttle ou táxi. O transporte “escalator” dura 15 minutos subindo. No caminho passamos por restaurantes, centros de massagens, bares. A qualquer momento da baldeação entre as escadas é possível descer para seu destino final. Para chegar aonde ficamos hospedados subíamos até o fim. Um passeio bem curioso.
Hong Kong é uma cidade muito cara, talvez pela falta de espaço o metro quadrado é o mais caro do mundo, variando entre U$ 20 mil e U$ 50 mil nos bairros mais ricos. Por outro lado, existem as “cages”, apartamentos divididos em 9 ou até 12 partes onde vivem imigrantes vindos da Indonésia e Filipinas, que trabalham aqui como “helpers”, para nós mais conhecido como empregada doméstica. É uma vida sofrida, é a verdadeira luta pela sobrevivência. Se dividirmos um apartamento em 12 partes, o valor pago é 1/12, consequentemente a metragem para cada quarto é 1/12 (algo como a largura da cama x o espaço mínimo para que se possa sentar em cima dela, sentar, não ficar de pé!!!), o que faz viável suas vidas.
Atravessando para o outro lado da ilha de ferry ou mesmo um metrô subterrâneo, encontramos uma Hong Kong mais tradicional, chamada Kowloon. Com inúmeras feiras de flores exóticas (para nós), peixes e pássaros. As ruas tem forte identidade chinesa, o passeio por lá é bem interessante.
E deste lado se pode ter a vista da ilha do sul, que é onde Hong Kong ferve. Não diferente do que imaginei a paisagem é prateada! Cheia de prédios high-tech, modernos, refletindo tudo a sua volta.
Não é só do outro lado da ilha que a identidade chinesa é marcante, mas em toda Hong Kong, prova disso são os “incense paper”, objetos feitos de papel que são queimados em cerimônia quando uma pessoa morre. Tem de tudo: relógios, celulares, computadores, carros, ar condicionados, rádios, TVs, cartões de créditos e até pratos de comidas como frangos, lagostas e Mc Donalds. O objeto comprado para determinada pessoa tem sempre a ver com o que ela gostava em vida!
Enfim, mesmo com essa falta de espaço e, até por decorrência dela, a ilha tem ótimos mirantes, de onde se pode ter uma linda vista da cidade. E mais, uma deliciosa pista de caminhada toda arborizada ao redor do pico mais alto, considerada por muitos uma das melhores do mundo.
PS: depois de termos sido apelidado pelo meu querido tio como o “casal terremoto” (passamos pelo Chile, depois de 4 dias, terremoto; estávamos no Tibete, terremoto; na Indonésia, terremoto na ilha de Sumatra), tivemos um aviso inesperado de tufão em Hong Kong... de todas estas acima a única situação que realmente presenciamos foi a do tufão, que no fim foi apenas um aviso e o tufão passou sem dar sinal de vida. Ou seja, graças a Deus, quando estamos presentes, nosso anjo da guarda cuida de tudo por nós!
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