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Homem primata, capitalismo selvagem

Enviado por roberta goldfarb em 11/04/2010 às 02:52 PM

Algumas descobertas, curiosidades e afirmações que tivemos sobre a Índia e que achamos muito interessante saber! Algumas outras conclusões tiradas por nós que conhecemos uma Índia mais pobre, não necessariamente é assim em todo o país.

A questão das vacas: elas estão na cidade, vagando e, não são de ninguém porque um dia elas foram de um fazendeiro, mas quando pararam de dar leite não serviam mais e eles as deixaram ir. Uma crueldade, falta de amor, chame como quiser. Aí você começa a olhar as vaquinhas gordinhas nos “quintais” das casas na beira da rua, presas à árvores e esse cena já é tão ruim quanto vê-las por aí, já que no minuto que deixarem de interessar serão largadas e passarão a ter o mesmo destino das outras.

Quando perguntamos a um indiano se as pessoas tem animais de estimação na Índia, já que tem tantos cachorros soltos, ele me responde que sim, olha para o lado nos aponta uns búfalos e diz: estes, por exemplo são “pet”, estão no pasto de alguém que quando for pra casa os levarão com eles. Estes são os pets da Índia. Já vi homem na rua fazendo carinho em vaca ou alimentando bezerro. Cachorro na coleira, no máximo três.

Sobre os costumes, soubemos mais sobre o sistema de castas, que já foi bem forte aqui na Índia, mas hoje em dia não é tanto. Uma pessoa de uma casta mais alta pode casar com outra de uma casta mais baixa, apesar de sempre gerar uma certa vergonha para a família mais rica (no Brasil com algumas exceções vivemos o mesmo). Narender, por exemplo é da casta dos religiosos, mas optou por ser motorista e ter uma agência de turismo. E tudo bem. A base da sociedade é  capitalismo e um “dalet”, das castas mais pobres, hoje pode ficar rico. E assim vai.

A esposa não podia chamar o marido pelo seu nome na frente dos outros, mas hoje em dia, assim como as castas, isso está mudando. Elas os chamavam de “Gi” (se pronuncia Dgi), que é um jeito carinhoso de se referir ao marido, assim como nos referimos a alguém formalmente como “Senhor”.  Ou seja, o tal “marido” na novela, era mas não era... poderia ser um “Bem”, “Querido”, enfim...

Quando você vem à Índia cada um te fala uma coisa diferente: um te diz que a melhor e mais barata fábrica de tecidos é em Delhi. O outro diz que em Jaipur tem uns que você não encontra em lugar nenhum e com os melhores preços. O mesmo com jóias, móveis, etc... importante saber que em qualquer lugar da Índia se encontram as mesmas coisas, às vezes um pouco melhor, mais cara, mas esqueça a sensação de que se está perdendo alguma coisa quando você não vai conferir. Fomos em fábricas em duas cidades para saber que tem tudo em todo lugar! E a propaganda acontece porque qualquer pessoa que te ofereça para parar em um lugar para comprar com certeza tem comissão na tal loja e por isso ela é única.

A Índia é um país extremamente machista. Cansei de me incomodar com o “good morning sir”, e pra mim nada. A maioria das pessoas fala olhando apenas para o homem. Vem à mesa do restaurante retirar pedido e se dirige ao homem. Algo que cansa, mesmo.

Na mesma linha: é verdade sim (eu custei a acreditar que poderia acontecer) que os homens mexem com as mulheres, falam coisas, olham descarados mesmo estando com o marido do lado. Aconteceu inúmeras vezes. O uso de regata e shorts ajuda, mas não muda muito com calça e camiseta com manga. Passei 23 dias de calor insuportável... sonhando com uma regata!

Continuando: fomos jantar duas vezes em cada de indianos. Para nossa surpresa alguns costumes bem diferentes dos nossos. Comemos na sala de estar (a única que havia), com os pratos na mesa de centro. A esposa cozinha, mas não senta à mesa. Algo que nos deixa desconfortável e que se mostra bem típico da cultura machista. Ela fica numa função cozinhar, levar, trazer pratos, talheres, mal conversa com os convidados, enquanto o marido faz as honras da casa. Estranho, impessoal.

Na Índia não há coleta de lixo!!!!!!! Em todas as calçadas lixos se misturam a pedras, porcos, cachorros, vacas. Sujo, triste. Além disso, indo contra tudo o que vemos em prol do meio ambiente, aqui se queima lixo! Chocante!

A prática do escarro e arroto aqui é comum. Não se assuste se um dia em um restaurante ou mesmo em um hotel, o garçom arrotar. Nojento mas verdadeiro. Já escarro, desvie na rua para não ser atingido por um.

Tomar água só de garrafa. Para escovar o dente também. Mas aí vem mais informações: água de garrafa que tenha sido engarrafada fora da Índia! Aí você descobre que a Coca-Cola e a Pepsi são donas da Índia. Refrigerantes, sucos, águas... Beba Aquafina ou Kinley. Para escovar os dentes as outras servem. Não tomar gelo. Não comer coisas cruas (saladas, frutas), tomar cuidado onde come. Não comer em barracas de comida na rua. É de enlouquecer a quantidade de cuidados. Mas devo dizer, que estranhamente, ou cuidadosamente, saí invicta da Índia!

Mulheres: levem papel higiênico sempre na bolsa!!! Não tem em lugar nenhum!!! No hotel tem, pouco mas tem.

Em 20 dias de Índia passamos por apenas uma situação em que uma pessoa nos ofereceu ajuda simplesmente por gentileza. Dificilmente uma pessoa veio bater papo, oferecer ajuda, explicar alguma coisa, sem um interesse por trás. Aqui há que se tomar muito cuidado a cada olhada pro lado, alguém se aproxima de você, você dá liberdade, ele quer uma recompensa.

Aqui, em todo lugar se vê o símbolo da suástica, por nós mais conhecido pelo mal uso feito pelo Hitler. É um símbolo muito antigo, muito usado na Índia e Ásia, em todos os templos, casas, hotéis, carros  tem significados positivos como renovação, fortuna, prosperidade. O símbolo não é usado ao contrário como muitos pensam, mas na maneira como nos acostumamos a ver, outras com um ponto no centro dos 4 quadrados que se formam, outras ainda com as 4 pontas levemente viradas para fora.

A relação dos indianos com o dinheiro é estranha, ao mesmo tempo que precisam muito, dão muito valor, não respeitam, jogam na mesa, recebem e não agradecem.

.....

Aí estávamos no carro, indo de Agra para Amritsar. Um carro parou no meio da estrada sem mais, nosso carro brecou atrás, uma moto que vinha de sei lá onde brecou em cima, um vaca passou do lado, o Guto olhou pra mim e disse: “Não entendi nada!”.

Eu respondi: “Por que? O resto você entendeu tudo, né? “




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