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Pato ou Tio Patinhas?

Enviado por Guto em 14/08/2010 às 06:27 PM

Dentre todas as modalidades de jogos no cassino, o jogo de pôquer é o único que me desperta interesse. É o único dos jogos que você joga contra adversários, que não o cassino. Onde habilidade e capacidade técnica contam mais do que a pura sorte do preto ou vermelho, do par ou do ímpar. Tem gente que vive do pôquer, são profissionais que possuem capacidade de leitura incomum dos adversários. Sabem a hora de chamar a mesa, de passar uma boa mão, de ficar 12 horas jogando e controlar as emoções para não entregar em uma mão o trabalho duro de um dia inteiro. Não ganham todo dia, mas com certeza ganham muito mais do que perdem ao longo dos dias. Se preparam psicologicamente e caso vençam um torneio de expressão, viram lendas.

Nunca fui um bom jogador de pôquer. Mas também era difícil eu ser o pato da mesa. Na verdade, me contentava em sair no zero a zero, ganhando ou perdendo um pouco desde que a seção fosse com amigos e regada à cerveja, whisky, petiscos e muita risada. Não tenho a mais refinada leitura, lamento por ser descoordenado em brincar com as fichas, consigo chamar a mesa de vez em quando, mas me considero mediano simplesmente por fazer bom uso da estatística. Estava no parque de diversões, porque não brincar nos brinquedos?

No Salão de Pôquer:


Dirigi-me ao reservado onde estavam as mesas de pôquer. Não era campeonato, mas cash game no limits, ou seja, você troca determinada quantia e senta para jogar até perder tudo e recomprar mais fichas ou rapelar o cacife de seus adversários. As mesas eram divididas de acordo com a agressividade dos jogadores. 10 jogadores por mesa e 1 croupier. Após 1 hora de espera abriu uma vaga e entrei na fila para trocar o dinheiro por fichas. Estipulei meu “passaporte da alegria” em cem dólares. Pouco para os “passaportes” dos chineses da minha frente: o primeiro, até onde pude ver, trocou algo em torno de vinte mil dólares e saiu sorridente para sentar-se à mesa Vip. O segundo fazia o contrário, trocava as fichas conquistadas, mas tenho quase certeza que dava para comprar um quarto e sala nos Jardins tamanha a quantidade de fichas negras que ele tinha. Enfim, cada macaco com a sua banana.

À Mesa:


Boa noite! Alguns sorrisos desconfiados olham para a quantidade de fichas que tenho nas mãos. Engraçado. Aguardei pela mesa de menor valor e mesmo assim minha meia dúzia de fichas não impressionou ninguém. Onde é o Carroussel pergunto? Após certa descontração sou bem acolhido pela maioria chinesa. Mesmo sendo a mesa de menor valor, as fichas à mostra dos jogadores não era nada baixa. Nada mesmo. Tinha jogador que tinha 100 vezes o meu cacife. Para quem sabe jogar pôquer, sabe que isso é quase um suicídio. Tudo bem, vamos nos divertir. Consegui após algumas rodadas identificar dois profissionais, excelentes jogadores, que preferiam ficar nas mesas menores “rapelando” os turistas aventureiros ao encarar jogos com os profissionais. Ossos do ofício para pagar o pão de cada dia.

Após algumas rodadas observando e passando, enfim uma mão boa. Puxo a mesa, garanto uns trocados. Ganho moral! Nova puxada na rodada seguinte com um bom jogo. Pagaram para ver meu all-in  e se deram mal. Opa ... passo. Passo de novo. Blefo, ganho e mostro as cartas. Ai ai ai. Em uma hora tinha conseguido quadruplicar meu passaporte da alegria. Ufa! Uma cerveja por favor. Barulho de fichas. Passo. Não vou. Não vou. Senta um sueco. Sai um chinês. Pera aí, tem all in na mesa. Uau ... que jogada! Volta chinês com mais fichas. Passo. Bom jogo! vou e perco. Passo de novo. Mais uma cerveja por favor. Fumaça. Cigarro.  Muita fumaça. Passo. Vou. Tomo um toco. Croupier troca o baralho (Vamos ver se minha sorte volta nesse!). Passo. Passo. Boa mão ... vou, apostou alto demais ... pensando melhor não vou. Começo a desacelerar e preservar capital. Só vou agora com uma boa mão. Meu tempo estava expirando, minha paciência também. Fumaça. Croupier troca baralho. Boa mão, aposto ... levo uns pingos. All in na mesa! Chinês contra chinês ... um chinês feliz, o outro constrangido (Afinal jogador que é jogador não fica infeliz, fica constrangido). Sai sueco “rapelado”. Senta italiano com meia dúzia de fichas. Aff! Favor colocar o Big Blind diz o Croupier! Duas horas e meia jogando. Tava de bom tamanho. Não, mais meia hora, tá muito engraçado isso aqui! Passo. Passo de novo. Chinês constrangido perde de novo. Ai ai ai! Mão boa, aposto, pesco dois. Vira o flop, trinca! Aumento, ninguém paga. 3 horas. Disciplina! Pego meu punhadinho de fichas Boa noite! Saída pela esquerda. Nem o pato nem o tio Patinhas da noite. Tudo bem, ganhamos um jantar bacana!   

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