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Um convite a Myanmar

Enviado por roberta goldfarb em 16/05/2010 às 07:23 PM

Myanmar foi uma grande surpresa! Com certeza pelo fato de não esperarmos absolutamente nada do lugar. Não pesquisamos, não lemos, não sabíamos pra onde íamos, o que veríamos.

Resultado: um país, como o texto anterior diz, onde se tem a sensação de estar vivendo no Brasil dos anos 60. Todos muito quietos em relação a tudo, cuidadosos para não falar de política, até que uma senhora nos pára nas ruas de Yangon, nos pega pelo braço e começa o discurso. Que não era para darmos dinheiro ao governo, que sua família isso e aquilo, que a Lady Suu Kyi aquilo outro e, nos conta sem parar para respirar um segundo sequer, quase toda história que seus olhos claros não deixam esconder. Em seguida nos convida para um chá. Demos um jeitinho de escapar, o recado estava dado.

Nossos dias em Myanmar foram quentes! Literalmente quentes, 43 graus! Sem ventos. A época das monções vem chegando e o clima fica realmente muito abafado. Ou seja, por um lado você foge da horda de turistas e consegue melhores preços, por outro lado, gasta tudo em água para tentar se refrescar.

Fomos a Yangon, Bagan, Inle Lake e uma praia chamada Ngwe Saung. Myanmar foi um dos destinos que tivemos dó de ir embora.

Yangon, antiga capital do país, foi recentemente substituída por Nay Pyi Taw. Continua sendo o maior centro de negócios do país com quase 6 milhões de habitantes. A visita é mais que válida para conhecer a Shwedagon Paya, impressionante complexo religioso budista – vale a pena deixá-la por último já que tudo perde a graça após ela. Alguns brincam que há mais ouro nos quase 100 metros de altura da principal estupa do complexo do que nos cofres do banco central inglês. Pela manhã e ao entardecer a vista é deslumbrante! Outra característica que nos surpreendeu em Yangon foi a qualidade dos restaurantes, muitas vezes autênticos na combinação de ingredientes, com certeza onde está a mais saborosa culinária de Myanmar.

Outro templo impressionante é o Chaukhtatgyi, onde um gigantesco Buda deitado repousa. Para quem quiser se arriscar, a aventura é descobrir onde é a residência da Nobel da Paz e principal líder na busca pela democracia no país - Lady Suu Kyi, uma casa de madeira ao lado de um grande lago. Há alguns anos, um americano atravessou o lago para encontrar com ela e dizer para tomar cuidado já que havia sonhado com uma tentativa de assassinato. Como resultado, prato cheio para os milicos estenderem sua pena em 18 meses. Sugerimos deixarem a lady em paz para não comprometê-la ou prejudicá-la. Temos certeza que em algumas décadas quando Myanmar se tornar uma democracia de fato, sua casa será atração turística para os curiosos.




YANGON


Em Bagan vivemos experiências que só estando lá naquele calor desértico daquela louca paisagem pra ver. O caminho para qualquer lugar que se vá em Bagan é por uma estrada, de cada um dos dois lados um chão de terra sem fim, com quilômetros de pagodas antigas, mais de 2.000, quase todas hoje ruínas. Um cenário p

raticamente marrom, um museu arqueológico a céu aberto. Coisa que nunca se viu na vida. Coisa que nunca vamos conseguir explicar direito, mas podemos afirmar que foi a paisagem mais fascinante que já vimos na vida. Por estes caminhos os pass

eios são de bicicleta ou charrete. Uma parada para conhecer o trabalho de um fazendeiro que com a cana de açúcar faz uma espécie de rapadura, outra parada para conhecer uma vila de pescadores, outra para ver o trabalho de laca típico da região, mas nenhuma parada foi necessária para ouvir ao longo de toda a estrada, crianças levantando os braços ao mesmo tempo que soltando um “Ooooohhhh” para nos cumprimentar.

Momentos de tirar o fôlego, dias de pura curiosidade e felicidade. Coisas que não dá pra traduzir. Muitos comparam os templos de Bagan aos Wats do Cambodia. Pois bem, na nossa humilde opinião, ficamos com Bagan!


















BAGAN


Em Inle Lake não foi diferente, a cidade acontece em volta de um grande lago, o mercado, as lojas de artesanias locais, os jardins de tomate... um jogo de futebol, uma brincadeira na água, um treino de violão sentadinho no degrau de madeira que leva até a entrada de sua casa, a lavagem das roupas, a brincadeira de vôlei do pai e do filho e, os muitos sorrisos e olhares curiosos que recebemos passando por cada uma das casas que vimos.



INLE LAKE


Por fim, sem mais aguentar o calor e, já alucinando a cada luzinha que acendia ao final do dia, vendo pagodas onde já não havia, resolvemos ir a uma praia. Linda! De cair o queixo. Há 5 horas de carro de Yangon, chegamos em Ngwe Saung, uma praia com 14 quilômetros de extensão, com areia branca e água limpa transparente. A praia é maravilhosa e não deixa nada a desejar às mais lindas praias do nordeste brasileiro. Os coqueirais acompanham toda a encosta e as construções são erguidas de forma sustentável para não interferir na beleza da paisagem. 3 dias que poderiam virar uma semana... mas foram suficientes para descansar.

Depois de tantos momentos curiosos com o povo de lá, ainda vivemos momentos engraçados ao sermos pegos pelos braços na praia por uma mulher que queria apenas tirar uma foto conosco (e depois de conseguir saiu pulando no mar para contar aos amigos) e um menino com quem cruzamos saindo de uma ilha e, que depois de dois minutos passou correndo por nós como louco, para ao final descobrirmos que foi pegar sua câmera para ser retratado conosco, por um amigo monge. Pensem nestas cenas...



NGWE SAUNG


Só podemos dizer que Myanmar faz valer a pena cada segundo. Ir ou não ir deixa de ser uma questão, mas nos faz ter certeza da visita e de como fomos felizes por lá.


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