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Guests Laundry ou Sweet Home Alabama

Enviado por roberta goldfarb em 11/03/2010 às 04:15 PM


Quem me conhece bem já vai saber (e dar risada, eu sei) que eu não só conheci uma pessoa na Guests Laundry, como trocamos e-mails, sites, blogs... e que sim, é muito provável que troquemos e-mails num futuro próximo.

Vamos à situação: minha mala de 2 semanas de viagem precisando urgente de uma renovada. Chegamos hoje de volta à Christchurch onde alugamos um carro há 10 dias atrás para devolvê-lo, conhecer a cidade e lavar roupa com calma.

Desci na laundry do hotel com laptop, contas para organizar, fotos para descarregar da câmera. Afinal eu teria tempo de sobra para isso tudo.

Coloquei as roupas na lavadora, sentei em uma cadeira, abri o laptop e comecei.

Quinze minutos depois... aparece uma senhora, puxando uma mala toda florida em tons de cinza. Eu expliquei que estava ocupando as duas únicas lavadoras disponíveis (I’m sorry about that), mas que uma delas já estava acabando.

Ajeitei as coisas, dei uma recolhida na lavanderia que até então era só minha e começamos a conversar.

Não preciso dizer (mais uma vez a quem me conhece) que a conversa foi longe. Eu soube sobre toda sua viagem, de onde veio, quanto tempo levou, que parte fez de carro, que outra fez de avião. Me contou o motivo de sua viagem: veio ver seu filho que mora em Wellington e que estava há 3 anos e meio trabalhando em um projeto ao qual havia assinado um termo de sigilo e não podia contar-lhe. Até que o Avatar chegou aos cinemas. Sim, ele trabalha na empresa que fez a computação gráfica do filme Avatar.

M.L.B., vou usar suas iniciais por discrição (Ahaha, tô me achando! Sempre sonhei em um dia fazer isso! Pra mim nada deixa os livros mais interessantes do que o sigilo quanto aos nomes reais dos personagens, por que será?) seguiu contando do seu filho, da falta que ele faz, se emocionou... eu tentei num momento de surpresa, com um inglês que não está preparado para estes momentos, dar-lhe colo.

Uma senhora, de blusa listrada e calça jeans, que eu via pela primeira vez me contando de sua vida, se abrindo para mim.

A essa altura eu já havia parado o que estava fazendo e estava literalmente “batendo papo”.

Ela me contou que mora em Alabama desde sempre, que nunca saiu de lá. Sua filha mora lá perto com seus 5 filhos e marido. Ela cresceu em uma fazenda com cachorros, galinhas, patos... seus pais moram em uma casa na sua frente, do outro lado do pasto. Ela tem 3 cachorros que estão com seu pai enquanto ela está aqui.

Contei um pouco de mim, apenas o que ela me perguntou. Disse que sou fotógrafa (sua filha também! Fui interrompida nessa hora e soube de detalhes do seu trabalho), que estou com o meu marido fazendo um ano sabático, etc, etc...

Minha roupa ficou pronta. Tirei da lavadora, passei pra secadora, com a ajuda de M.L.B.. O Guto chegou, apresentei os dois. Um papinho rápido e deixei as roupas secando para comer algo aqui mesmo no hotel com o Guto.

Voltei duas vezes à lavanderia para ver se minhas roupas tinham ficado prontas. Ela não estava. Só suas roupas fazendo companhia às minhas.

No terceiro retorno, lá estava ela, lendo revista enquanto esperava suas roupas. Enquanto eu tirava as minhas da secadora, ela comentou sobre a nova descoberta do chocolate. Uma matéria na revista havia concluído que por um ou outro motivo agora chocolate novamente não faz bem à saúde. Ela não se preocupa com isso, me diz comer de tudo, está acima do peso. Tive tempo de dobrar uma por uma das minhas roupas até conseguir me despedir daquele encontro casual de uma brasileira que está rodando o mundo com o marido, com uma americana do Alabama que veio à Nova Zelândia ver seu filho e deixara seus três cachorros e seus cinco netos à sua espera. Acabei minha parte, era hora de me despedir e voltar ao meu quarto. Ela me ofereceu suas revistas para eu ler e saber um pouco mais sobre o Alabama. Me perguntou se podia anotar meu site, meu blog e, eu também anotaria o de sua filha. Afinal somos fotógrafas. Num pedaço de papel trocamos contatos. Fui pegando minhas coisas e saindo. Ela me disse: pode ter certeza que vou te escrever. "It was lovely talking to you." (sem traduções... essa frase tem que ficar assim). Eu eu: "Go safely home."

São estes momentos que fazem dessa viagem, a viagem da nossa vida.


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