sobre [about]  •  trabalhos [works]  •  exposições [exhibitions]  •  clipping  •  cv  •  info  
To have a safe journey

Enviado por roberta goldfarb em 23/04/2010 às 05:31 PM



Fomos extremamente alertados sobre como seriam nossos dias no Tibete, ainda não sei dizer se isso fez nos apaixonarmos ainda mais por tudo o que vimos.

O alerta era para um povo “duro”, vindo de uma cultura comunista que não fala de política e a quem se deve ter muita paciência e manter o respeito mesmo que não seja recíproco e nunca, nunca perguntar de política.

Será que podemos chamar o que vivemos de sorte?

Ao pisarmos no aeroporto e passarmos pela imigração o guarda foi gentil, nos sorriu. O primeiro contato com nosso guia foi leve, fácil. A primeira, segunda, terceira caminhada por Lhasa foram encantadoras: sorrisos, bons olhares, “hellos”, “his”, por pura curiosidade de uma mínima troca de cultura, outras vezes um pedido de conversa em inglês “to practice”. Uma curiosidade que não fere, mas que agrega. Uma gente doce, um contato positivo.

A chegada ao Tibete, a entrada no hotel, a saída para uma viagem são sempre envolvidas por um cachecol de seca branco. Envolvidas literalmente eu quis dizer. Antes mesmo de entrarmos no carro do guia no aeroporto, ele nos estendeu um cachecol de seda branco, colocando um em mim, um no Guto nos explicou que é tradição no Tibete recepcionar as pessoas com estes cachecóis para desejar uma “safe journey”.

Uma tradição sutil que com um pequeno gesto nos aproxima de quem nos coloca e nos abraça por um tempo.

Passamos três dias em Lhasa, a capital do Tibete. Lá mesmo já tivemos a oportunidade de ver o que pra mim é demonstração verdadeira de fé (o que todos me disseram que eu encontraria na Índia, encontrei aqui!).

No total foram sete dias de Tibete: Lhasa, Gyantse, Xigatse, Tingri e Zhangmu. Cidades escondidas no meio do Himalaia com paisagens impressionantes! Visitas a inúmeros monastérios com direito a presenciar algumas práticas budistas e cerimônias ao som de cantos, regadas a chá, com a presença de monges. Uma tarde de exercícios de concentração seguida de uma reza em voz alta em volta do mestre. O toque triplo de sino ao entrar em um templo para com este gesto ser protegido por Buddha. E ainda momentos curiosos do lado de fora ao ver homens e mulheres cantando e trabalhando, quase dançando, ao ritmo de uma música cantada por eles intercalando vozes e movimentos de grupos de trabalhadores. Quase um número musical.

Na rua gestos explícitos de fé. Todo dia às 17h30 começa a volta ao redor do Templo. Um mercado que circunda o templo com 2 km de extensão parece mais o palco de uma passeata. Pessoas dão voltas ao redor do templo, sempre em sentido horário, munidas de suas “prayer wheels” (um objeto que muitos carregam em suas mãos, que contêm uma reza dentro e é sempre girado no sentido horário ao mesmo tempo que é falada a frase OM MANI PADME HUM). Outras num gesto repetitivo juntam suas mãos em dois momentos frente ao rosto, em seguida apóiam no chão e deslizam o corpo para frente. Deitadas estendem suas mãos, em seguida apóiam no chão novamente e voltam à posição inicial, pois assim rezam de forma completa: com a voz, o pensamento e o corpo. E, com certeza mais vagarosamente, dão a volta ao redor do Templo.

O Everest como pano de fundo se junta em alguns momentos as “good luck flags”, marca do budismo que está em todos os lugares por onde passam, onde desejam proteção, quando uma pessoa importante vai chegar, quando o lugar é sagrado. Cinco bandeiras: branca, azul, verde, amarela e vermelha. Cada uma com um significado respectivamente: ar, água, meio ambiente, terra e fogo.

Uma país comunista, calado, um pouco vazio, um tanto quanto angustiado por viver sob o comando da gigante China. Uma cultura cheia de história, tradições, mas que não perde a sutileza do cachecol branco.

Gyantse


Lhasa


Tingri

Xigatse


#blog #relicario #viagens #fotografia #diariodeviagem #caixadereliquias #memoria #sagradas #protege #artecontemporanea #robertagoldfarb #tibet #tibete #tohaveasavejourney  #gyantse #lhasa #tingri #xigatse #reliquary #trips #photography #tripdiary #boxofrelics #memory #sacred #protect #contemporaryart